APOSTLA DE FILOSOFIA 3º ANO 1º BIMESTRE 2012
AULA 01: AS INDAGAÇÕES METAFÍSICAS
PENSAMENTO DO DIA: “Dois homens olham pela
mesma janela, um vê a lama, o outro vê as estrelas” Frederick Lambridge
POR QUE HÁ SERES EM
VEZ DO NADA?
Por que uma coisa pode mudar e, no
entanto, conservar sua identidade individual, de tal maneira que podemos dizer
que é a mesma coisa, ainda que a
vejamos diferente do que fora antes? Como sabemos que uma determinada roseira é
a mesma que, no ano passado, não passava de um ramo com poucas folhas e sem
flor? Como sabemos que Paulo, hoje adulto, é o mesmo Paulo que conhecemos
criança?
Por que sinto que sei que sou diferente
das coisas? Porém, por que também sinto que sei que um outro corpo, diferente e
semelhante do meu, não é uma coisa, mas um alguém?
Por que eu e o outro podemos ver de modo
diferente, sentir e gostar de modo diferente, discordar sobre tantas coisas,
fazer coisas diferentes e, no entanto, ambos admitimos, sem sombra de dúvida,
que um triângulo, o número 5, o círculo, os arcos do palácio da Alvorada, ou as
pirâmides do Egito são exatamente as mesmas coisas para ele e para mim?
O que é uma coisa? E um objeto?
O que é a subjetividade?
O que é o corpo humano? E uma
consciência?
Perguntas como essas constituem o campo
da metafísica, ainda que nem sempre as mesmas palavras tenham sido usadas para
formulá-las.
Por exemplo, um filósofo grego não
falaria em “nada”, mas em “não-ser”. Não falaria em “objeto”, mas em “ente”,
pois a palavra objeto só foi usada a partir da Idade Média e, no sentido
em que a empregamos hoje, só foi usada a partir do século XVII. Também, não
falaria em “consciência”, mas em “psyche”, isto é, alma. Jamais falaria
em “subjetividade”, pois essa palavra, com o sentido que lhe damos hoje, só foi
usada a partir do século XVIII.
A mudança do vocabulário da Filosofia no
curso desses 25 séculos indica que mudaram os modos de formular as questões e
respondê-las, pois a Filosofia está na História e possui uma história. No
entanto, sob essas mudanças profundas, permaneceu a questão metafísica
fundamental: O que é?
A PERGUNTA PELO QUE É:
A metafísica é a investigação filosófica
que gira em torno da pergunta “O que é?” Este “é” possui dois sentidos:
1. Significa “existe”, de modo que a
pergunta se refere à existência da realidade e pode ser transcrita como: “O que
existe?”;
2. Significa “natureza própria de alguma
coisa”, de modo que a pergunta se refere à essência da realidade, podendo ser
transcrita como: “Qual é a essência daquilo que existe?”.
Existência e essência da realidade em
seus múltiplos aspectos são, assim, os temas principais da metafísica, que
investiga os fundamentos, as causas e o ser íntimo de todas as coisas,
indagando por que existem e por que são o que são.
ATIVIDADE PROPOSTA:
[Em equipes]: ¹ Encontre respostas para os
questionamentos do texto.
² Produza um Relatório no final.
DICA DE LEITURA:
LEIA: SARTRE, Jean-Paul. O
existencialismo é um humanismo, Col. Os pensadores. São Paulo: Abril
Cultural, 1973.
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Apostila de Filosofia [3º
ANO] 1º Bimestre Página 01
AULA 02: EXISTE DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL?
PENSAMENTO DO DIA: “O homem é incerteza, insegurança, medo, mas também é desejo, ousadia, razão, conquista”. Arthenyo
PENSAMENTO DO DIA: “O homem é incerteza, insegurança, medo, mas também é desejo, ousadia, razão, conquista”. Arthenyo
Leia o texto de Leonardo Boff sobre o assunto: EXISTE DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E
MORAL?.
Na linguagem comum e mesmo culta ética e moral são sinônimos. Assim dizemos: Aqui há um problema ético ou um problema moral. Com isso emitimos um juízo de valor sobre alguma prática pessoal ou social, se boa, se má ou duvidosa.
Na linguagem comum e mesmo culta ética e moral são sinônimos. Assim dizemos: Aqui há um problema ético ou um problema moral. Com isso emitimos um juízo de valor sobre alguma prática pessoal ou social, se boa, se má ou duvidosa.
Mas, aprofundando a questão, percebemos que ética e moral
não são sinônimos. A ética é parte da filosofia. Considera concepções de fundo,
princípios e valores que orientam pessoas e sociedades. Uma pessoa é ética
quando se orienta por princípios e convicções. Dizemos, então, que tem caráter
e boa índole. A moral é parte da vida concreta. Trata da prática real das
pessoas que se expressam por costumes, hábitos e valores aceitos. Uma pessoa é
moral quando age em conformidade com os costumes e valores estabelecidos que
podem ser, eventualmente, questionados pela ética. Uma pessoa pode ser moral
(segue costumes) mas não necessariamente ética (obedece a princípios).
Embora úteis, estas definições são abstratas porque não
mostram o processo como a ética e a moral, efetivamente, surgem. E aqui os
gregos nos podem ajudar. Eles partem de uma experiência de base, sempre válida,
a da morada entendida existencialmente como o conjunto das relações entre o
meio físico e as pessoas. Chamam à morada de ethos (em grego com a letra e
pronunciada de forma longa). Para que a morada seja morada, precisa-se
organizar o espaço físico (quartos, sala, cozinha) e o espaço humano (relações
entre os moradores entre si e com seus vizinhos), segundo critérios, valores e
princípios para que tudo flua e esteja a contento.
Isso confere caráter à casa e às pessoas. Os gregos chamam a isso também de ethos. Nós diríamos ética e caráter ético das pessoas. Ademais, na morada, os moradores têm costumes, maneiras de organizar as refeições, os encontros, estilos de relacionamento, tensos e competitivos ou harmoniosos e cooperativos. A isso os gregos chamavam também de ethos (com a letra e pronunciada de forma curta). Nós diríamos moral e a postura moral de uma pessoa.
Ocorre que esses costumes (moral) formam o caráter (ética) das pessoas. Winnicot, prolongando Freud, estudou a importância das relações familiares para estabelecer o caráter das pessoas. Elas serão éticas (terão princípios e valores) se tiverem tido uma boa moral (relações harmoniosas e inclusivas) em casa.
Isso confere caráter à casa e às pessoas. Os gregos chamam a isso também de ethos. Nós diríamos ética e caráter ético das pessoas. Ademais, na morada, os moradores têm costumes, maneiras de organizar as refeições, os encontros, estilos de relacionamento, tensos e competitivos ou harmoniosos e cooperativos. A isso os gregos chamavam também de ethos (com a letra e pronunciada de forma curta). Nós diríamos moral e a postura moral de uma pessoa.
Ocorre que esses costumes (moral) formam o caráter (ética) das pessoas. Winnicot, prolongando Freud, estudou a importância das relações familiares para estabelecer o caráter das pessoas. Elas serão éticas (terão princípios e valores) se tiverem tido uma boa moral (relações harmoniosas e inclusivas) em casa.
Os medievais não tinham as sutilezas dos gregos. Usavam a
palavra moral (vem de mos/mores) tanto para os costumes quanto para o caráter.
Distinguiam a moral teórica (filosofia moral) que estuda os princípios e as
atitudes que iluminam as práticas, e a moral prática que analisa os atos à luz
das atitudes e estuda a aplicação dos princípios à vida.
Qual é ética e a moral vigentes hoje? É a capitalista. Sua
ética diz: bom é o que permite acumular mais com menos investimento e em menos
tempo possível. Sua moral concreta reza: empregar menos gente possível, pagar
menos salários e impostos e explorar melhor a natureza. Imaginemos como seria
uma casa e sociedade (ethos) que tivessem tais costumes (moral/ethos) e
produzisse caracteres (ethos/moral) assim conflitivos? Seria ainda humana e
benfazeja à vida? Eis a razão da grave crise atual.
ATIVIDADE PROPOSTA:
Após análise individual, estabeleça a relação
entre moral teórica e moral prática.
DICA DE LEITURA:
LEIA: RIBEIRO, João
Ubaldo. Diário do Farol. São Paulo: Nova Fronteira, 2002.
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ANO] 1º
Bimestre
Página 02
AULA 03: DIFERENÇA ENTRE ARISTÓTELES E SEUS PREDECESSORES;
PENSAMENTO DO DIA: “A
curiosidade sobre a vida em todos os aspectos é o segredo das pessoas muito
criativas”. Leo Burnett
Embora a ontologia ou metafísica tenha
começado com Parmênides e Platão, costuma-se atribuir seu nascimento a
Aristóteles por três motivos principais:
1. Diferentemente de seus dois
predecessores, Aristóteles não julga o mundo das coisas sensíveis, ou a
Natureza, um mundo aparente e ilusório. Pelo contrário, é um mundo real e
verdadeiro cuja essência é, justamente, a multiplicidade de seres e a
mudança incessante.
Em lugar de afastar a multiplicidade e o
devir como ilusões ou sombras do verdadeiro Ser, Aristóteles afirma que o ser da
Natureza existe, é real, que seu modo próprio de existir é a mudança e que esta
não é uma contradição impensável. É possível uma ciência teorética verdadeira
sobre a Natureza e a mudança: a física. Mas é preciso, primeiro, demonstrar que
o objeto da física é um ser real e verdadeiro e isso é tarefa da Filosofia
Primeira ou da metafísica.
2. Diferentemente de seus dois
predecessores, Aristóteles considera que a essência verdadeira das coisas
naturais e dos seres humanos e de suas ações não está no mundo inteligível,
separado do mundo sensível, onde as coisas físicas ou naturais existem e onde
vivemos. As essências, diz Aristóteles, estão nas próprias coisas, nos próprios
homens, nas próprias ações e é tarefa da Filosofia conhecê-las ali mesmo onde
existem e acontecem.
Como conhecê-las? Partindo da sensação
até alcançar a intelecção. A essência de um ser ou de uma ação é conhecida pelo
pensamento, que capta as propriedades internas desse ser ou dessa ação, sem as
quais ele ou ela não seriam o que são. A metafísica não precisa abandonar este
mundo, mas, ao contrário, é o conhecimento da essência do que existe em nosso
mundo. O que distingue a ontologia ou metafísica dos outros saberes (isto é,
das ciências e das técnicas) é o fato de que nela as verdades primeiras ou os
princípios universais e toda e qualquer realidade são conhecidos direta ou
indiretamente pelo pensamento ou por intuição intelectual, sem passar pela
sensação, pela imaginação e pela memória.
3. Ao se dedicar à Filosofia Primeira ou
metafísica, a Filosofia descobre que há diferentes tipos ou modalidades de
essências.
Existe a essência dos seres físicos ou
naturais (minerais, vegetais, animais, humanos), cujo modo de ser se
caracteriza por nascer, viver, mudar, reproduzir-se e desaparecer – são seres
em devir e que existem no devir.
Existe a essência dos seres matemáticos,
que não existem em si mesmos, mas existem como formas das coisas naturais,
podendo, porém, ser separados delas pelo pensamento e ter suas essências
conhecidas; são seres que, por essência, não nascem, não mudam, não se
transformam nem perecem, não estando em devir nem no devir.
Existe a essência dos seres humanos, que
compartilham com as coisas físicas o surgir, o mudar e o desaparecer,
compartilhando com as plantas e os animais a capacidade para se reproduzir, mas
distinguindo-se de todos os outros seres por serem essencialmente racionais,
dotados de vontade e de linguagem. Pela razão, conhecem; pela vontade, agem;
pela experiência, criam técnicas e artes. E, finalmente, existe a essência de
um ser eterno, imutável, imperecível, sempre idêntico a si mesmo, perfeito,
imaterial, conhecido apenas pelo intelecto, que o conhece como separado de
nosso mundo, superior a tudo que existe, e que é o ser por excelência: o ser
divino.
QUESTIONAMENTOS E REFLEXÕES:
¹. Quais motivos levam a conclusão que a
METAFÍSICA surgiu com Aristóteles?
². Do que trata a Metafísica?
DICA DE FILME: A
Insustentável Leveza do Ser [EUA, 1988 - direção: Philip Kaufmann].
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Bimestre
Página 03
AULA 04: A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA
PENSAMENTO DO DIA: "O que
sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano." Isaac Newton
Na Metafísica, Aristóteles afirma
que a Filosofia Primeira estuda os primeiros princípios e as causas primeiras
de todas as coisas e investiga “o Ser enquanto Ser”.
Ao definir a ontologia ou metafísica como
estudo do “Ser enquanto Ser”, Aristóteles está dizendo que a Filosofia Primeira
estuda as essências sem diferenciar essências físicas, matemáticas,
astronômicas, humanas, técnicas, etc., pois cabe às diferentes ciências
estudá-las enquanto diferentes entre si. À metafísica cabem três estudos:
1. O do ser divino, a realidade primeira
e suprema da qual todo o restante procura aproximar-se, imitando sua perfeição
imutável. As coisas se transformam, diz Aristóteles, porque desejam encontrar
sua essência total e perfeita, imutável como a essência divina. É pela mudança
incessante que buscam imitar o que não muda nunca. Por isso, o ser divino é o
Primeiro Motor Imóvel do mundo, isto é, aquilo que, sem agir diretamente sobre
as coisas, ficando à distância delas, as atrai, é desejado por elas. Tal desejo
as faz mudar para, um dia, não mais mudar (esse desejo, diz Aristóteles,
explica por que há o devir e por que o devir é eterno, pois as coisas naturais
nunca poderão alcançar o que desejam, isto é, a perfeição imutável).
Observamos, assim, que Aristóteles, como
Platão, também afirma que a Natureza ou o mundo físico ou humano imitam a
perfeição do imutável; porém, diferentemente de Platão, para Aristóteles essa
imitação não é uma cópia deformada, uma imagem ou sombra do Ser verdadeiro, mas
o modo de existir ou de ser das coisas naturais e humanas.
O que Aristóteles classificou como Movimento Kinesis é a mudança ou o
devir, a maneira pela qual a Natureza, ao seu modo, se aperfeiçoa e busca
imitar a perfeição do imutável divino. O ser divino chama-se Primeiro Motor
porque é o princípio que move toda a realidade, e chama-se Primeiro Motor
Imóvel porque não se move e não é movido por nenhum outro ente, pois, como já
vimos, mover significa mudar, sofrer alterações qualitativas e quantitativas,
nascer é perecer, e o ser divino, perfeito, não muda nunca;
2. O dos primeiros princípios e causas
primeiras de todos os seres ou essências existentes;
3. O das propriedades ou atributos gerais
de todos os seres sejam eles quais forem, graças aos quais podemos determinar a
essência particular de um ser particular existente.
A essência
é a realidade primeira e última de um ser, aquilo sem o qual um ser não poderá
existir ou sem o qual deixará de ser o que é. À essência, entendida sob essa
perspectiva universal, Aristóteles dá o nome de substância: o substrato
ou o suporte permanente de qualidades ou atributos necessários de um ser. A
metafísica estuda a substância em geral.
ATIVIDADE PROPOSTA:
[EM DUPLAS]: ¹
Analisar e comentar as três propostas da metafísica aristotélica;
² Definir: substância;
essência; motor primeiro;
DICA DE LEITURA:
LEIA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: Introdução à Filosofia.
São Paulo: Moderna, 1995.
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Bimestre
Página 04
AULA 05: A FILOSOFIA NAS ENTRELINHAS
PENSAMENTO DO DIA:
"Para mim, sábio não é aquele que proclama palavras de sabedoria,
mas sim aquele que demonstra sabedoria em seus atos." São Gregório
Leia com atenção parte da Conferência
apresentada por Milan Kundera:
A idéia do eterno
retorno é uma idéia misteriosa, e uma idéia com a qual Nietzsche muitas vezes
deixou perplexos outros filósofos: pensar que tudo se repete da mesma forma
como um dia o experimentamos, e que a própria repetição repete-se ad infinitum!
O que significa esse mito louco?
De um ponto de vista
negativo, o mito do eterno retorno afirma que uma vida que desaparece de uma
vez por todas, que não retorna, é feito uma sombra - sem peso, morta de
antemão; quer tenha sido horrível, linda ou sublime, seu horror, sublimidade ou
beleza não significam coisa alguma. Uma tal vida não merece atenção maior do
que uma guerra entre dois reinos africanos no século XIV, uma guerra que nada
alterou nos destinos do mundo, ainda que centenas de milhares de negros tenham
perecido em excruciante tormento.
Algo se alterará nessa
guerra entre dois reinos africanos do século XIV, se ela porventura repetir-se
sempre, retornando eternamente? Sim: ela se tornará uma massa sólida,
constantemente protuberante, irreparável em sua inanidade.
Se a Revolução Francesa
se repetisse eternamente, os historiadores franceses sentiriam menos orgulho de
Robespierre. Como, porém, lidam com algo que jamais se repetirá, os anos
sangrentos da Revolução transformaram-se em meras palavras, teorias e
discussões; tornaram-se mais leves que plumas, incapazes de assustar quem quer
que seja. Há uma diferença infinita entre um Robespierre que ocorre uma única
vez na história e outro que retorna eternamente, decepando cabeças francesas.
Concordemos, pois, em
que a idéia do eterno retorno implica uma perspectiva a partir da qual as
coisas mostram-se diferentemente de como as conhecemos: mostram-se privadas da
circunstância atenuante de sua natureza transitória. Essa circunstância
atenuante impede-nos de chegar a um veredicto. Afinal, como condenar algo que é
efêmero, transitório? No ocaso da dissolução, tudo é iluminado pela aura da
nostalgia, até mesmo a guilhotina.
Não faz muito tempo,
flagrei-me experimentando uma sensação absolutamente inacreditável. Folheando
um livro sobre Hitler, comovi-me com alguns de seus retratos: lembravam minha
infância. Eu cresci durante a guerra; vários membros de minha família pereceram
nos campos de concentração de Hitler; mas o que foram suas mortes comparadas às
memórias de um período já perdido de minha vida, um período que jamais
retornaria? Essa reconciliação com Hitler revela a profunda perversidade moral
de um mundo que repousa essencialmente na inexistência do retorno, pois,
num tal mundo, tudo é perdoado de antemão
e, portanto, cinicamente permitido.
ATIVIDADE PROPOSTA:
[INDVIDUAL]:
A PRODUÇÃO TEXTUAL proposta acima deve conter 20 linhas;
DICA DE LEITURA:
LEIA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: Introdução à Filosofia.
São Paulo: Moderna, 1995.
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Página 05
AULA 06: DECADÊNCIA DOS POVOS
PENSAMENTO DO DIA: “Decadência é o obscurecimento do mundo,
a destruição da terra, a massificação do homem”. Martin Heidegger
LEIA O TEXTO
DECADÊNCIA DOS POVOS E FAÇA UMA ANÁLISE CRÍTICA:
“Quando a tecnologia e o dinheiro tiverem conquistado
o mundo; quando qualquer acontecimento em qualquer lugar e a qualquer tempo se
tiver tornado acessível com rapidez; quando se puder assistir em tempo real a
um atentado no Ocidente e a um concerto sinfônico no Oriente; quando tempo
significar apenas rapidez online; quando o tempo, como história, houver
desaparecido da existência de todos os povos, quando um esportista ou artista
de mercado valer como grande homem de um povo; quando as cifras em milhões significarem
triunfo,- então, justamente então - reviverão como fantasma as perguntas: para
quê? Para onde? E agora? A decadência dos povos já terá ido tão longe, que
quase não terão mais força de espírito para ver e avaliar a decadência
simplesmente como... Decadência. Essa constatação nada tem a ver com pessimismo
cultural, nem tampouco, com otimismo... O obscurecimento do mundo, a destruição
da terra, a massificação do homem, a suspeita odiosa contra tudo que é criador
e livre, já atingiu tais dimensões, que categorias tão pueris, como pessimismo
e otimismo, já haverão de ter se tornado ridículas”.
MARTIN HEIDEGGER
ATIVIDADE
PROPOSTA:
¹ Após a leitura e
análise crítica do texto: Decadência
dos Povos - Martin Heidegger PRODUZA um texto sobre a
Decadência humana. 20 linhas
² Explique com suas
palavras a seguinte expressão: “Decadência é o obscurecimento do mundo, a
destruição da terra, a massificação do homem”;
DICA DE LEITURA:
LEIA: BAINES & MÁLEK - O Mundo Egípcio, Deuses Templos e Faraós,
Edições Prado, 1984.
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AULA 07: TÉRMITAS
PENSAMENTO DO DIA: "A cultura
não é um substituto para a vida, mas a chave para ela." Mallock
Leia
com atenção o texto sobre as TÉRMITAS:
Vou
contar-te um caso dramático. Já ouviste falar das térmitas, essas formigas
brancas que, em África, constroem formigueiros impressionantes, com vários
metros de altura e duros como pedra? Uma vez que o corpo das térmitas é mole
[...] o formigueiro serve-lhes de carapaça coletiva contra certas formigas
inimigas, mais bem armadas do que elas. Mas por vezes um dos formigueiros é derrubado,
por causa de uma cheia ou de um elefante [...]. A seguir, as térmitas-operário
começam a trabalhar para reconstruir a fortaleza afetada, e fazem-no com toda a
pressa. Entretanto, já as grandes formigas inimigas se lançam ao assalto. As
térmitas-soldado saem em defesa da sua tribo e tentam deter as inimigas. [...]
As operárias trabalham com toda a velocidade e esforçam-se por fechar de novo a
termiteira derrubada... mas fecham-na deixando de fora as pobres e heróicas
térmitas-soldado, que sacrificam as suas vidas pela segurança das restantes
formigas. Não merecerão estas formigas-soldado pelo menos uma medalha? [...]
Mudo agora de cenário, mas não de assunto. Na Ilíada, Homero conta a história
de Heitor, o melhor guerreiro de Tróia, que espera a pé firme fora das muralhas
da sua cidade Aquiles, o enfurecido campeão dos Aqueus, embora sabendo que
Aquiles é mais forte do que ele e que vai provavelmente matá-lo. Fá-lo para
cumprir o seu dever, que consiste em defender a família e os concidadãos do terrível
assaltante. Ninguém tem dúvidas: Heitor é um herói, um Homem valente como deve
ser. Mas será Heitor heróico e valente da mesma maneira que as térmitas-soldado
[...]? Não faz Heitor, afinal de contas, a mesma coisa que qualquer uma das
térmitas anônimas? [...] Qual é a diferença entre um e outro caso?
(SAVATER, Fernando. Ética para um
Jovem, 1990, in: http://www.didacticaeditora.pt/arte_de_pensar/cap4.html)
ATIVIDADE PROPOSTA:
¹ Explique com suas palavras a diferença e a
semelhança dos casos;
² comente o sentido da atitude das térmitas
soldado e de Heitor.
DICA DE LEITURA:
LEIA: TIME LIFE
LIVROS - Série História em Revista,
Editora Cidade Cultural, Rio de Janeiro, 1995.
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AULA 08: MATRIX
NOSSA DE CADA DIA
PENSAMENTO DO DIA:
"No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade."
(Albert Einstein)
Num dos diálogos do
filme Matrix, Morpheus questiona a Neo: "Você já teve um sonho,
Neo, em que você estava tão certo de que era real? E se você fosse incapaz de
acordar desse sonho?
Como saberia a diferença
entre o mundo do sonho e o real?"
Em outro diálogo entre
Morpheus e Neo, este procura a verdade:
Neo: "O que é
Matrix?"
Morpheus: "Você
quer saber o que é Matrix? Matrix está em toda parte [...] é o mundo que
acredita ser real para que não perceba a verdade."
Neo: "Que
verdade?"
Morpheus: "Que
você é um escravo, Neo. Como todo mundo, você nasceu em cativeiro. Nasceu em
uma prisão que não pode ver, cheirar ou tocar: Uma prisão para a sua
mente."
No conceito de
ideologia, podemos afirmar que vivemos numa matrix?
Será que vivemos numa
ilusão? Que tudo é uma faz-de-conta?
E que essa ilusão nos
aparece como real?
Além disso, será que
existe alguém que controla a matrix e tem em mãos a programação de nossas
vidas?
Nós também temos nossa matrix,
ela está aqui, como diz Morpheus, "está em toda parte, é o mundo que
acredita ser real para que não perceba a verdade".
Não existe uma grande
realidade virtual, nem uma máquina que nos controla, mas idéias e ideologia que
nos fazem pensar que o mundo "é assim" e "sempre será
assim".
Ou seja, se existem desempregados é porque "esses não são capazes", se existe violência é porque certos "indivíduos são malvados", se existem políticos corruptos, "todos são corruptos", o mundo é feito de indivíduos de "sucesso" que devem dominar "os fracassados"...
Ou seja, se existem desempregados é porque "esses não são capazes", se existe violência é porque certos "indivíduos são malvados", se existem políticos corruptos, "todos são corruptos", o mundo é feito de indivíduos de "sucesso" que devem dominar "os fracassados"...
Enfim, não existe
alternativa e é melhor se adaptar ao mundo do que tentar modificá-lo. O que
existe em nossa realidade são idéias ou ideologias que servem de justificação
dos interesses de determinados grupos ou classes sociais.
Mas o que significa
isso? Por exemplo, certamente os que disseminam a idéia de que o mundo sempre
foi assim e sempre será se beneficiam da exploração e de sua condição de
superioridade (banqueiros, donos de terras, etc).
Não interessa a eles
mudar o mundo e fazer com que todos estejam bem. Suas idéias passam a ser
de todos.
Que a juventude perceba
que não podemos nos submeter a uma matrix ou ideologia, sem termos consciência
do que realmente somos e onde estamos inseridos na sociedade.
Faz-se necessário desvendar a câmara oculta, a matrix, refletir criticamente sobre nossos pensamentos e idéias. Ou seja, pensar que nem tudo é óbvio, nem tudo pode ser normal, mas que a busca de uma sociedade mais justa e democrática requer um exercício sociológico e político para não sermos manipulados, dominados e não nos submetermos às vontades dos outros involuntariamente.
Faz-se necessário desvendar a câmara oculta, a matrix, refletir criticamente sobre nossos pensamentos e idéias. Ou seja, pensar que nem tudo é óbvio, nem tudo pode ser normal, mas que a busca de uma sociedade mais justa e democrática requer um exercício sociológico e político para não sermos manipulados, dominados e não nos submetermos às vontades dos outros involuntariamente.
Existem idéias que devem
ser contestadas e destruídas, para que não tenhamos que viver numa profunda
barbárie humana por causa delas. Neste aspecto, nos colocamos ao lado de
Morpheus, que sempre acreditou na libertação da humanidade diante da Matrix e
jamais supôs alguma possibilidade de conciliação com quem dominava os homens.
ATIVIDADE PROPOSTA:
EXPLIQUE: ¹. A Idea de Matrix
nossa de cada dia para a juventude.
². Comente a ideia de Matrix
para Morpheus e Neo;
DICA DE LEITURA:
LEIA: Coleção Os Pensadores,
Os Pré-socráticos, Abril Cultural, São Paulo, 1993.
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Apostila de Filosofia [3º
ANO] 1º
Bimestre Página 08
AULA 09: NO MEIO DO CAMINHO
PENSAMENTO DO DIA: “O caráter de um homem
faz o seu sentido”. Demócrito
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
no meio do caminho tinha uma pedra.
ATIVIDADE PROPOSTA:
¹. Após a leitura e reflexão produza um
texto com o mesmo tema. 20 linhas
².Explique o significado da pedra no meio
do caminho.
DICA DE LEITURA:
LEIA: AMADO, Jorge.
Gabriela Cravo e Canela. Editora Record, Rio de Janeiro, 2000.
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Apostila de Filosofia [3º
ANO] 1º
Bimestre
Página 09
Aula 01 - A ORIGEM DA SOCIOLOGIA
ResponderExcluirPENSAMENTO DO DIA: “A curiosidade sobre a vida em todos os aspectos é o segredo das pessoas muito criativas”.Leo Burnett
A Sociologia surge no século XIX como forma de entender essas mudanças e explicá-las. No entanto, é necessário frisar, de forma muito clara, que a Sociologia é datada historicamente e que o seu surgimento está vinculado à consolidação do capitalismo moderno. Esta disciplina marca uma mudança na maneira de se pensar a realidade social, desvinculando-se das preocupações especulativas e metafísicas e diferenciando-se progressivamente enquanto forma racional e sistemática de compreensão da mesma. A Sociologia é uma das ciências humanas que estuda as unidades que formam a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los, analisando os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.
Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não seja objetivamente alcançável, é tarefa da Sociologia transformar as malhas da rede com a qual a ela capta a realidade social cada vez mais estreitas. Por essa razão, o conhecimento sociológico, através dos seus conceitos, teorias e métodos, pode constituir para as pessoas um excelente instrumento de compreensão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas múltiplas relações sociais e, conseqüentemente, de si mesmas como seres inevitavelmente sociais.
A Sociologia ocupa-se, ao mesmo tempo, das observações do que é repetitivo nas relações sociais para daí formular generalizações teóricas; e também se interessa por eventos únicos sujeitos à inferência sociológica (como, por exemplo, o surgimento do capitalismo ou a gênese do Estado Moderno), procurando explicá-los no seu significado e importância singulares.
A Sociologia surgiu como uma disciplina no século XVIII, na forma de resposta acadêmica para um desafio de modernidade: se o mundo está ficando mais integrado, a experiência de pessoas do mundo é crescentemente atomizada e dispersada. Sociólogos não só esperavam entender o que unia os grupos sociais, mas também desenvolver um "antídoto" para a desintegração social. Em que pese o termo Sociologie tenha sido criado por Auguste Comte (em 1838), que esperava unificar todos os estudos relativos ao homem — inclusive a História, a Psicologia e a Economia, Montesquieu também pode ser encarado como um dos fundadores da Sociologia - talvez como o último pensador clássico ou o primeiro pensador moderno.
QUESTIONAMENTOS E REFLEXÕES:
1. Qual o significado da palavra Sociologia?
2. A quem é atribuída a criação do termo Sociologia? Justifique
3. Qual a sua expectativa para o estudo de Sociologia?
Sociologia 1º ANO Página 01