terça-feira, 24 de abril de 2012

APOSTILA DE SOCIOLOGIA 3º ANO
APOSTILA DE SOCIOLOGIA 3º ANO 1º BIMESTRE 2012-04-25
AULA 01: TOLERÂNCIA
PENSAMENTO DO DIA: A tolerância é uma espécie de sabedoria que supera o fanatismo, esse terrível amor à verdade". André Comte-Sponville 
Um breve levantamento histórico diz que a palavra tolerância foi "parida" nos conflitos religiosos, no séc. 16, na época das guerras religiosas entre católicos e protestantes. André Lalande (Vocabulário técnico e crítico de filosofia. SP: M. Fontes, 1993), conta que "os católicos acabaram por tolerar os protestantes, e reciprocamente. Depois foi reclamada a tolerância em face de todas as religiões e de todas às crenças". A partir do século 19, a tolerância estendeu-se ao livre pensamento e, no século 20, passou a ser acordo internacional com intenção de ser exercitada, através da Carta aos Direitos Humanos em 1948, também através de algumas ONGs e de governos não totalitários. De acordo com o Aurélio e outros tantos Dicionários de Língua Portuguesa, tolerância é o Ato ou efeito de tolerar, de admitir, de aquiescer; Direito que se reconhece aos outros de terem opiniões diferentes ou até diametralmente opostas às nossas...
Tolerância é uma das tantas virtudes, necessárias para elevar o ser humano à condição de civilidade. Ela faz parte do processo de desenvolvimento ético de indivíduos e grupos, cuja meta é levá-los a manter a "disposição firme e constante para praticar o bem". Implica em dois sentidos. “Ser virtuoso”, tanto pode ser um sujeito com disposição de praticar o bem, como também pode ser "toda pessoa que domina em alto grau a técnica de uma arte" (Dic. Aurélio: p.1465), por exemplo, ser um "virtuose na arte de tocar violino".
Na tradição da filosofia moral, a tolerância não é exatamente considerada uma "grande virtude" ou "virtude cardinal", tal como é a justiça, a coragem, a prudência e a temperança ou moderação. Contudo, ela não deve ser posta do lado das chamadas "pequenas virtudes", como é o caso da polidez. A tolerância deve ser vista numa posição especial, de entremeio das virtudes, sendo mais que respeito, polidez ou piedade.
A tolerância é exercício necessário para se conquistar a Sabedoria, é uma virtude necessária para o exercício das coisas pequenas do cotidiano. Nela, existe uma espécie de prontidão e atividade; "prontidão" a favor de idéias e atos de tolerância e "atividade" contra tudo que se cerceia, reprime, oprime, discrimina, que não respeita as diferenças humanas, sejam étnicas, culturais, religiosas, etc. A democracia é um bom exemplo de exercício, ao mesmo tempo, de "prontidão" e "atividade" de tolerância, ou seja, "democracia não é fraqueza. Tolerância, não é passividade", assinala Comte-Sponville.
Quem se pretende possuir "a verdade", ou melhor, "a certeza", termina sendo intolerante em aceitar outros posicionamentos, se fechando a escuta de tudo que apresente diferente ou incompreensível ao seu esquema conceitual de fala e ação. O moralista, por exemplo, é in-tolerante com os que possuem valores diferentes do seu; em verdade, sabemos se tratar de um moralista quanto sofremos a imposição de seus valores, baseado em sua “certeza moral”. O moralista carrega a ambição de impor a todos, universalizando seus valores como certos. Enfim, "toda intolerância tende ao totalitarismo"

ATIVIDADE PROPOSTA: ¹. A tolerância deve ter limites ou não? Justifique.
². Tente explicar o questionamento de Karl Popper [chamado de "paradoxo da tolerância”]: "Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo para com os intolerantes, e se não defendermos a sociedade tolerante contra seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados, e com eles a tolerância".

DICAS DE LEITURA
LEIA:CAPALDI, Nicholas. Dogmatismo e Tolerância São Paulo: Edições Paulinas, 1982.

Apostila de Sociologia                  I Bimestre              3º ANO          2012                      página 01

AULA 02: INVEJA - QUE SENTIMENTO SERÁ ESSE? *
PENSAMENTO DO DIA: “A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente”. Cláudio Nunes
Dicionário Aurélio: Desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outrem - Desejo violento de possuir o bem alheio - Objeto de inveja. 
Vejamos se o Aurélio está certo... Inveja é um dos sentimentos que pode causar as maiores dores no ser humano. Geralmente, quando existe uma estima de algum objeto de desejo, e ainda se este der status, a inveja se instala. (Diz-se objeto de desejo para coisas não palpáveis também). É fruto também da comparação com as outras pessoas. Ela não existe sem que antes o indivíduo não tenha feito comparações. É a auto-aversão por não ser como os outros são.
É preciso contudo, diferenciar a inveja, da busca do bem-estar. Pode se dizer que é errado trabalhar, lutar para se conquistar o objeto de desejo? O desejo pela conquista do objeto que nos falta, quando feito com humildade e honestidade, não é inveja.
Se uma pessoa destaca-se em alguma atividade, por mais tola que possa parecer, o invejoso está pronto para aparecer e apontar o dedo e tentar minimizar o feito de seu próximo. Um eletrodoméstico novo, um tênis da moda, ou mesmo um brinco bem colocado em combinação com uma roupa extremamente comum, já se torna motivo para elogios, nem sempre sinceros. Surge um sentimento de raiva, de ira, porque geralmente o invejoso sente-se muito mais merecedor da conquista do que o outro. O invejoso não agüenta ter uma outra pessoa invadindo seu território, que em sua lassidão, deixou de ocupar, por pura incapacidade e ou inércia. O invejoso é capaz de boicotar, de fofocar de fazer armadilhas, a fim de destruir o outro. Quer provar, ao menos para si mesmo, que ele é melhor. Mas no seu íntimo, sente-se menor do que os outros, aumenta, se vangloria, enaltece a si mesmo, pois dessa forma abranda o mal-estar do desequilíbrio. Fala excessivamente bem das próprias coisas, procurando diminuir o outro através de crítica. Não percebe muitas vezes suas frustrações, é como se nem existissem, porque logo está de prontidão, pronto para realizar mais um feito de diminuição, descaracterização, burlando suas próprias angústias.
Se a surpresa diante de algo, for digna e generosa, não há inveja destrutiva. Trata-se apenas de um incentivo, um grande estímulo para que nos empenhemos em adquirir novas virtudes, produzir melhores trabalhos, realizar melhores conquistas amorosas.
Talvez esse processo todo venha da convivência no ambiente familiar, onde comparações são freqüentes, sem contar com a sociedade, que propaga na mídia processos comparativos, entre as várias marcas apresentadas.
A melhor solução pode estar na forma de utilizar e de encarar a inveja, que, visualizada em termos comparativos pessoais de evolução, do antes e depois, do ontem e do hoje, deixa de ser inveja destrutiva para ser uma inveja de auto-estímulo. Ou seja, o padrão de comparação deixa de ser externo e passa a ser interno. 


ATIVIDADE PROPOSTA: ¹. Defina Inveja. Justifique.
². Tente diferenciar a inveja, da busca do bem-estar.

DICAS DE LEITURA
LEIA: HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Tradução Márcia de Sá Cavalcante. Petrópolis: Vozes, 1995.

Apostila de Sociologia                I Bimestre               3º ANO            2012                      página 02

AULA 03: É POSSÍVEL UMA SOCIEDADE JUSTA?*

PENSAMENTO DO DIA:Continuo a pensar que este mundo não tem qualquer sentido superior. Mas sei que nele, se alguma coisa tem sentido é o homem”. Albert Camus



Por meio desse texto, será possível refletir e opinar sobre problemas que envolvem o conceito “justiça”, trazendo a tona questões como: o que é justiça? Será que a consciência do justo é inata ou é apreendida por meio de convenções? A busca pela justiça é sempre justa? Ao seguir as leis, estamos necessariamente sendo justos? O que temos que levar em conta para julgar se algo é justo ou injusto? Quem é capaz de fazer esse julgamento? Ao analisar essas questões estaremos, ao mesmo tempo, adentrando na problemática relacionada à possibilidade ou não de existir uma sociedade justa.
Baseando-se em alguns dos significados presentes no dicionário digital “Aulete”, justiça significa “Situação em que cada um recebe o que lhe cabe, como resultado de seus atos ou de acordo com os princípios e a lei da sociedade em que vive”. Ao analisar essa interpretação, nos deparamos com alguns problemas que merecem ser apresentados. Logo no início, quando o mesmo salienta que justiça parte de uma situação em que cada um recebe o que lhes cabe, leva-nos a refletir sobre as seguintes questões: que critérios a pessoa que julgar tal ato deverá levar em conta? Existiria uma pessoa capaz de exercer tal função sem que suas decisões venham se tornar injustas? Seguindo o raciocínio, levando em conta agora toda resolução apresentada, pode-se dizer que ao seguir as leis impostas pela constituição, está-se fazendo um julgamento justo? Deve-se levar em conta apenas os resultados dos seus atos ou a sua intenção ou até mesmo os por quês que motivaram o sujeito a praticar determinada atitude? De que princípios o julgamento deve partir?
O direito positivo surge como um meio de tornar visível e prática a busca pela justiça. Porém, esse não deve ser o único meio a ser utilizado ao buscar resolver um problema em que esse conceito está em jogo. Para Iuskow, “(…) uma coisa não é justa porque é lei, mas sim que deve ser lei porque é justa (1998 p. 192). A prática da justiça requer algo mais que o simples seguimento das leis, ela requer, do ser humano, sensibilidade em analisar os fatos, levando em conta o contexto e os motivos pelos quais resultou um determinado acontecimento.
Ao garantir aos sujeitos a liberdade e os meios necessários para que possam desenvolver seus talentos, está-se, ao mesmo tempo, incentivando a desigualdade entre os sujeitos envolvidos. Isso decorre do fato de que há pessoas que possuem mais talentos e capacidades de progredir que outros. Por isso, pergunta-se: seria justo reprimir os talentos para poder então dispor de uma sociedade com um nível menor de desigualdade? Segundo a idéia aqui defendida, a resposta seria negativa. Nossa condição histórica e cultural não permite que as desigualdades sejam extintas. Pode-se até pensar que, pelo fato de haver pessoas com mais habilidades que outras, as injustiças e desigualdades aumentariam.
Portanto, somente por meio da educação será possível romper com séculos de injustiças pelas quais atingiram milhões de pessoas. Há várias gerações pessoas vêem sofrendo por não possuírem as condições mínimas e necessárias para obter uma vida digna de ser vivida. Sem emprego, educação e saúde torna-se impossível que tais pessoas venham a atingir suas potencialidades. Nesse caso, a sociedade não lhes oferece as condições sociais para crescer conforme seus talentos. Com isso, a educação é o principal fator para que a sociedade venha dispor de uma ordem social justa. Todo esse problema só será resolvido “pela educação à cidadania que leva as pessoas e comunidade à participação política.
ATIVIDADE PROPOSTA: ¹ É possível uma sociedade Justa? Justifique.
                                         ². Faça uma análise crítica do artigo apresentado.
DICA DE LEITURA:
LEIA: PEGORARO, Olinto A. Ética e justiça. Petrópolis: Vozes, 1995.

Apostila de Sociologia                I Bimestre                 3º ANO                      2012          página 03



AULA 04: A REALIDADE DOS ESTAGIÁRIOS...
PENSAMENTO DO DIA: “O totalitarismo não é característica de um ou outro sistema político, mas do modo de produção capitalista”. Bernardo

O período histórico da mundialização do capital e suas transformações produtivas, com destaque para o desenvolvimento de um novo regime de acumulação flexível e seu momento predominante, o toyolismo. Considerando que o toyotismo é a ideologia orgânica da produção capitalista, que tende a colocar novas determinações nas formas de ser da produção e reprodução social. O mundo do trabalho, com destaque para os seus pólos mais dinâmicos de acumulação de valor e de base técnica mais desenvolvida, tende a incorporar o espírito do toyotismo. Seu léxico penetra não apenas a indústria, mas os serviços e a própria administração pública. Por isso, é importante buscar apreender seus significados históricos e categorias para explicarmos as mutações estruturais do capitalismo global. Mesmo para Adam Smith (1988), para quem a divisão do trabalho propiciava superioridade tecnológica por meio do crescimento da habilidade individual de cada trabalhador, da economia de tempo e da invenção de máquinas, que permite a um homem dirigir para um único objeto muito simples toda a sua atenção, era impossível negar as conseqüências nocivas da divisão do trabalho. Para ele, tal divisão imbecilizava o trabalhador quando o separava do saber de seu processo de trabalho; o degenerava, pois a uniformidade de sua vida destruía seu ânimo e o incapacitava a realizar outra tarefa que não aquela para a qual havia sido adestrado e, finalmente, reproduzia as desigualdades sociais.
No contexto histórico atual, Mészáros (2002), sustenta que o domínio de uma classe sobre a outra foi sendo efetivado por meio da gestão e administração do sistema com base na gerência científica e disciplina capitalista. Assinala que o ideário da gerência científica é a separação entre a concepção do trabalho e sua execução. No modelo proposto por João Bernardo, é a classe dos gestores que tem dominado a classe trabalhadora. 
O capitalismo é um sistema totalitário no seu fundamento econômico, as instituições públicas, responsáveis pelas políticas sociais, são um dos campos que justificam a existência dos gestores, na medida em que funcionam como estruturas necessárias à produção do sistema, já que produzem e reproduzem a força de trabalho.
Nos últimos trinta anos de desenvolvimento capitalista, ocorreram transformações significativas nas diversas instâncias do ser social, com destaque para o mundo do trabalho e da reprodução social. Desenvolve-se o toyotismo, ideologia orgânica da nova produção capitalista, ‘momento predominante’ da reestruturação produtiva do capital. Sob o toyotismo, tende a constituir-se, pelo menos como ‘promessa frustrada’ do capital, o que iremos denominar ‘compressão psicocorporal. Esta constitui-se como um elemento da nova disposição sócio-subjetiva instaurada pelo toyotismo que caracteriza uma nova experiência do corpo, tanto no processo de trabalho quanto no processo sócio-reprodutivo.
Seria ingenuidade, ignorância, contra-senso e falte de conhecimento político, social e econômico achar que o empresário abre sua empresa aos estagiários apenas no tocante a ensinar, completar a formação, admissão futura sem uma devida troca de força de trabalho, acrescentando a isso a total isenção de tributos sociais. A exorbitância do respectivo lucro vem justamente daí, como a História nos revela, antigamente era apenas a força do trabalho, o tempo desperdiçado para determinada função, tendo o dinheiro como lucro. Hoje além de tudo isso aparece à figura da não tributação fiscal e social. A impressão é a de que o nosso capital é por demais nacionalista. O que é uma mentira.
Nos deparamos com muitas respostas convincentes, porém bastante obscuras do ponto de vista sociológico, pois como a própria história ensina não existe mercadoria sem força de trabalho muito menos o lucro. Portanto, a bem da verdade o lucro vem da própria força de trabalho dos estagiários e trabalhadores, aqui não se pode desconsiderar o trabalho vivo em conjunção com as formas hierárquicas e autoritárias da estrutura, que, de certa forma, podem restringir a autonomia dos processos de trabalho.  

ATIVIDADE PROPOSTA: ¹. Produza um texto retratando suas expectativas no estágio.
                                         ². Caso suas expectativas não se concretizem o que você fará?
DICA DE LEITURA:
LEIA: SILVEIRA, Maria Neusa G.; CARVALHO, Conceição A. de. Oficinas de Redação Criativa. Lavras, 2000.
 Apostila de Sociologia                  I Bimestre                3º ANO         2012                    página 04
AULA 05:  A SOCIEDADE DOS INDIVÍDUOS.
PENSAMENTO DO DIA: “A história é sempre a história de uma sociedade, mais sem a menor dúvida, de uma sociedade de indivíduos” Norbert Elias

Todos sabem o que se pretende dizer quando se usa a palavra “sociedade”, ou pelo menos todos pensam saber. A palavra é passada de uma pessoa para outra como uma moeda cujo valor fosse conhecido e cujo conteúdo já não precisasse ser testado. Quando uma pessoa diz “sociedade” e outra a escuta, elas se entendem sem dificuldade. Será que realmente nos entendemos?
Norbert Elias parte da pergunta a respeito do que se entende por sociedade, como esta sociedade é entendida a partir de um diálogo, entre uma conversa a respeito do que é uma sociedade as pessoas se entendem. No senso comum as pessoas se entendem, mas cientificamente falando nos entendemos? O que as ciências sociais entende por sociedade?
Se a sociedade é nada mais nada menos que uma porção de pessoas juntas. Daí parte a questão principal uma porção de pessoas juntas na Índia, na China, na América, na Grã-Bretanha são iguais?, a sociedade européia do século XII é igual a sociedade européia do século XVI ou XX?. Logicamente que não. As sociedades possuem estruturas diferenciadas. A formação dessa estruturação social independe de cada indivíduo, independe da vontade das pessoas, ela é formada alegoricamente, sem um único planejamento.
[...] não fui orientado nesse estudo pela idéia de que nosso modo civilizado de comportamento é o mais avançado de todos os humanamente possíveis, nem pela opinião de que a ‘civilização’ é a pior forma de vida e que está condenada ao desaparecimento. Tudo o que se pode dizer é que, com a civilização gradual, surge certo número de dificuldades especificamente civilizacionais. Mas não podemos dizer que já compreendemos porque concretamente nos atormentamos desta maneira. Sentimos que nos metemos, através da civilização, em certos emaranhados desconhecidos de povos menos civilizados. Mas sabemos também que esses povos menos civilizados são, por seu lado, atormentados por dificuldades e medos dos quais não mais sofremos, ou pelo menos não sofremos no mesmo grau.
A natureza dos processos históricos – do que se poderia chamar de ‘mecânica evolucionária da história’ – tornou-se mais clara para mim, assim como suas relações com os processos psíquicos. Termos como sociogênese e psicogênese, vida afetiva e controle de instintos, compulsões externas e internas, patamar de embaraço, poder social, mecanismo de monopólio e vários outros dão expressão a isso. Mas fiz a menor concessão possível à necessidade de expressar com novas palavras coisas novas que se tornaram visíveis. (ELIAS, 1994, p. 18-19).
Segundo Elias dois campos disputam o diálogo a respeito do papel do indivíduo e da sociedade, essas duas correntes elaboram entendimentos antagônicos, uma corrente que defende a sociedade como se está fosse planejada a partir daí procuram para explicá-la exemplos das formações institucionais, como polícia, parlamento, etc., como a construção da estrutura social. Entendem o Estado como uma manutenção da ordem, e a linguagem como comunicação entre as pessoas, como se fossem criados com fins específicos por indivíduos isolados como se seguisse um planejamento racional.
A outra corrente entende o indivíduo como se não tivesse papel nenhum como a sociedade, como se este não tivesse papel nenhum a sociedade é concebida como uma entidade orgânica supra-individual que avança inelutavelmente para a morte, atravessando etapas de juventude, maturidade e velhice. Dessa forma, existe um grande abismo entre indivíduo e sociedade, todos os lados então possuem “antinomias”.

ATIVIDADE PROPOSTA: ¹ Explique as ideias de sociedade dos indivíduos.
                                         ². Faça uma análise crítica da sociedade dos indivíduos.
DICA DE LEITURA:
LEIA: ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1994.
 Apostila de Sociologia                I Bimestre                 3º ANO             2012                  página 05

AULA 06:  HOMENS E SOMBRAS
PENSAMENTO DO DIA:"Firmeza e luz, como cristal de rocha". Teofrasto de La Bruyère

Desprovidos de azas e de penacho, os homens medíocres são incapazes de voar até um píncaro, ou de lutar contra um rebanho. Sua vida é uma perpétua cumplicidade com a vida, atravessam o mundo cuidando da sua sombra, ignorando a sua personalidade, nunca chegam a se individualizarem; ignoram o prazer de exclamar "eu sou!", em face dos demais. Não existem sozinhos, sua amorfa estrutura os obriga a se apagarem numa raça, num povo, num partido, numa seita, num bando: sempre a fingir que são outros. Os homens excelentes ascendem à própria dignidade, nadando contra todas as correntes rebaixadoras, a cujo refluxo resistem com energia. É fácil distinguí-los, imediatamente, em face de outros, pois não se desvanecem nessa névoa moral em que aqueles se descoloram. José Ingenieros (1877-1925)
O homem que pensa com a sua própria cabeça, e a sombra que reflete os pensamentos alheios, parece pertencerem a mundos diferentes. Homens e sombras: diferem entre si, como o cristal e a argila. O cristal tem uma forma preestabelecida pela sua própria composição química; cristaliza-se nela, ou não, conforme os casos; mas nunca tomará uma forma que não seja a própria. Vendo-os, sabemos o que é, inconfundivelmente.
De igual maneira, o homem superior é sempre um, em si, aparte dos demais. Se o clima lhe é propício, converte-se em núcleo de energias sociais, projetando sobre o meio os seus caracteres próprios, à guisa do cristal que, em uma solução saturada, provoca novas cristalizações semelhantes a si mesmo, criando formas do seu próprio sistema geométrico. A argila, ao contrário, carece de forma própria, e toma a que lhe imprimem as circunstâncias exteriores, os seres que a manipulam, ou as coisas que a rodeiam; conserva o rastro de todos os sulcos e as pegadas de todos os dedos, como a cera, como qualquer pasta; será cúbica, esférica ou piramidal, conforme a modelação. Assim acontece com os caracteres medíocres: sensíveis às coerções do meio em que vivem, incapazes de servir uma fé ou uma paixão.
As crenças são o suporte do caráter; o homem que as possui, firmes e elevadas, tem caráter excelente. As sombras não crêem. A personalidade está em perpétua evolução, e o caráter individual é o seu delicado instrumento; é preciso temperá-lo sem descanso, nas fontes da cultura e do amor.
Os homens estão predestinados a conservar sua linha própria entre as pressões coercitivas da sociedade; as sombras não têm resistência, adaptam-se facilmente, até se desfigurarem, domesticando-se o caráter expressa-se por atividade que constituem a conduta. Cada ser humano tem aquele que corresponde às suas crenças: se é "firmeza e luz", como disse o poeta, a firmeza está nos sólidos fundamentos da sua cultura, e a luz, em sua elevação moral.
Os elementos intelectuais não bastam para determinar sua orientação; a do caráter depende tanto da consistência moral, como da cultura, ou mais ainda. Sem algum engenho, é impossível ascender pelos caminhos da virtude; sem alguma virtude, são inacessíveis os caminhos do engenho. Na ação, estão em consonância.
A força das crenças está em não serem puramente racionais; pensamos com o coração e com a cabeça, elas não implicam um conhecimento exato da realidade; são simples juízos a seu respeito, suscetíveis de correções e de substituições. São instrumentos atuais; cada crença é uma opinião contingente e provisória.
Todo juízo implica uma afirmação: o juízo negativo é uma crença, tal como o afirmativo. Toda negação é, em si mesma, afirmativa; negar é afirmar uma negação. A atitude é idêntica; crê-se o que se afirma, ou o que se nega. O contrário da afirmação não é negação, é a dúvida. Para afirmar ou negar, é preciso crer. Ser alguém, é crer intensamente: pensar é crer; amar é crer; odiar é crer; lutar é crer; viver é crer.

ATIVIDADE PROPOSTA: ¹ Comente o primeiro parágrafo de José Ingenieros.
                                         ². Faça uma análise crítica do homem capaz de pensar e agir.
DICA DE LEITURA:
LEIA: VÁZQUEZ, Adolfo Sanches. Ética. Rio de janeiro: Civilização brasileira, 1996.
 Apostila de Sociologia              I Bimestre               3º ANO                    2012               página 06
AULA 07: LIBERDADE E RESPONSABILIDADE
PENSAMENTO DO DIA:"
A relação que existe entre liberdade e responsabilidade moral é uma relação de complementaridade, em que estão ligados entre si. Sendo assim, pode-se questionar sobre os atos humanos, acerca de sua moralidade e sobre a responsabilidade do homem por seus atos. LECLERQ1 afirma que: “[...] os atos só têm caráter moral na medida em que nele intervém a liberdade; e seu caráter moral diminui na proporção que diminui a intervenção do livre-arbítrio”. Logo, a moralidade dos atos consiste em fazer o uso da liberdade. Quando a liberdade é privada, não há responsabilidade moral. Portanto, o homem é responsável pelos atos que pratica com liberdade. Assim sendo, não se deve julgar determinado ato segundo uma regra sem antes analisar as condições que propiciaram certa ação. Se houve para o indivíduo possibilidade de opção, torna-se possível atribuir-lhe uma responsabilidade moral.
VASQUEZ evidencia duas condições fundamentais: “Que o sujeito não ignore nem as circunstâncias nem as conseqüências da sua ação, ou seja, que seu comportamento possua um caráter consciente. E que a causa de seus atos esteja nele próprio e não em outro agente que o force a agir de certa maneira, [...], ou seja, que sua conduta seja livre”.
Assim o conhecimento e a liberdade é que permitem legitimar a responsabilidade moral, caso contrário, se há falta de liberdade e conhecimento, o indivíduo não possui responsabilidade moral. Pois, quem não possui consciência para agir, não pode ser responsável pelos seus atos.
É fundamental para que o indivíduo seja responsável por seus atos que ele não sofra nenhuma coação externa, isto é, que a ação praticada provenha de dentro da própria pessoa e não de fora. Pois, quando o indivíduo encontra-se sob coação ou pressão, perde o controle de seus atos. O individuo é isento de responsabilidade moral quando não teve possibilidade de agir de outra maneira.
A condição primordial da ação é a liberdade. Liberdade é essencialmente capacidade de escolha. Onde não existe escolha, não há liberdade. O homem faz escolhas da manhã à noite e se responsabiliza por elas assumindo seus riscos. Escolhe roupas, amigos, amores, filmes, músicas, profissões… A escolha sempre supõe duas ou mais alternativas; com uma só opção não existe escolha nem liberdade.
As escolhas nem sempre são fáceis e simples. Escolher é optar por uma alternativa e renunciar à outra ou às outras. Não existe liberdade zero ou nula. Por mais escravizada que se ache uma pessoa, sempre lhe sobra algum poder de escolha. Também não há liberdade infinita, ninguém pode escolher tudo.
O ato livre é, necessariamente, um ato pelo qual se deve responder e responsabilizar-se, porque sou livre tenho que assumir as conseqüências de minhas ações e omissões. Os animais irracionais não são livres, não são responsáveis pelo que fazem ou deixam de fazer. Ninguém pode condenar um cavalo que lhe deu um coice. O animal não faz o que quer e sim o que precisa ou o que se encontra determinado pelo instinto de sobrevivência para que continue existindo.
A reflexão acerca da liberdade encontra-se inclusa no Projeto da Modernidade, onde os termos autonomia, emancipação e liberdade estão relacionados entre si, e também são bases de tais reflexões. Pensar a liberdade não é possível sem fazer alusão a esse Projeto, no qual os três termos distintos determinam o mesmo sentido, a maioridade do homem. A liberdade é um pressuposto básico para que o homem seja responsável por seus atos e suas escolhas. É dentro da Modernidade que o homem busca emancipar-se, ser autônomo e livre. O período moderno é chamado também de período antropocêntrico, onde o homem é capaz de fazer suas escolhas e praticar suas ações, e é dentro da Modernidade que lhe é oferecido a possibilidade de emancipar-se e ser autônomo, enfim, conquistar sua liberdade.

 ATIVIDADE PROPOSTA: ¹ Quais as condições necessárias e suficientes para poder atribuir ao indivíduo uma responsabilidade moral pelos seus atos? .                                   
DICA DE LEITURA:
LEIA: 1 LECLERQ, J. As grandes linhas da filosofia moral. São Paulo: Herder. 1987,
Apostila de Sociologia                 I Bimestre                 3º ANO          2012                     página 07


AULA 08: OS SABERES E AS AVALIAÇÕES


Desde a aurora dos tempos gênios, sábios, alquimistas e conquistadores, se deparam com os saberes, seja na corrida para adquiri-los e/ou na manutenção dos mesmos, o certo é que essa  sempre foi a necessidade humana, embora isso possa parecer audacioso, pretensioso, arrogante e presunçoso, eis que o homem sempre quis ser detentor do saber, do conhecimento, das formas de cultura, enfim, os saberes em sua universalidade.
A E.E.E. Profissional Profª. Marly Ferreira Martins em sua missão como prestadora de serviços para uma comunidade heterogênea, fundamenta-se em quatro formas de saber: aprender a conhecer [aprender], aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conviver, de modo que no dia a dia dos trabalhos desenvolvidos ao longo do ano, propõe-se a apresentar de forma didática, centrada em perspectivas de futuro, diferentes maneiras de nortear as expectativas de vida dos nossos alunos. Assim sendo realiza projeções, busca atender às necessidades e expectativas, estabelece avaliações, mas comete um deslize [contraditório], se propõe a ser referência na comunidade de Caucaia, no entanto, comete os mesmo equívocos das demais instituições escolares tradicionais, avalia mal, de forma equivocada e em alguns casos excludente.
OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO são conceitos de fundamento da educação baseado no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques Delors.
No relatório editado sob a forma do livro: "Educação: Um Tesouro a Descobrir" de 1999 [1], a discussão dos "quatro pilares" ocupa todo o quarto capítulo, da página 89-102, onde se propõe uma educação direcionada para os quatro tipos fundamentais de educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros, aprender a ser, eleitos como os quatro pilares fundamentais da educação.
O ensino, tal como o conhecemos, debruça-se essencialmente sobre o domínio do aprender a conhecer e, em menor escala, do aprender a fazer. Estas aprendizagens, direcionadas para a aquisição de instrumentos de compreensão, raciocínio e execução, não podem ser consideradas completas sem os outros domínios da aprendizagem, muito mais complicados de explorar, devido ao seu caráter subjetivo e dependente da própria entidade educadora.

APRENDER A CONHECER [aprende a aprender]

Esta aprendizagem refere-se à aquisição dos “instrumentos do conhecimento”. Debruça-se sobre o raciocínio lógico, compreensão, dedução, memória, ou seja, sobre os processos cognitivos por excelência. Contudo, deve existir a preocupação de despertar no estudante, não só estes processos em si, como o desejo de desenvolvê-los, a vontade de aprender, de querer saber mais e melhor. O ideal será sempre que a educação seja encarada, não apenas como um meio para um fim, mas também como um fim por si. Esta motivação pode apenas ser despertada por educadores competentes, sensíveis às necessidades, dificuldades e idiossincrasias dos estudantes, capazes de lhes apresentarem metodologias adequadas, ilustradoras das matérias em estudos e facilitadoras da retenção e compreensão das mesmas.
Pretende-se despertar em cada aluno a sede de conhecimento, a capacidade de aprender cada vez melhor, ajudando-os a desenvolver as armas e dispositivos intelectuais e cognitivos que lhes permitam construir as suas próprias opiniões e o seu próprio pensamento crítico.
Em vista a este objetivo, sugere-se o incentivo, não apenas do pensamento dedutivo, como também do intuitivo, porque, se é importante ensinar o “espírito” e método científicos ao estudante, não é menos importante ensiná-lo a lidar com a sua intuição, de modo a que possa chegar às suas próprias conclusões e aventurar-se sozinho pelos domínios do saber e do desconhecido.

APRENDER A FAZER

Indissociável do aprender a conhecer, que lhe confere as bases teóricas, o aprender a fazer refere-se essencialmente à formação técnico-profissional do educando. Consiste essencialmente em aplicar, na prática, os seus conhecimentos teóricos. Atualmente existe outro ponto essencial a focar nesta aprendizagem, referente à comunicação. É essencial que cada indivíduo saiba comunicar. Não apenas reter e transmitir informação mas também interpretar e selecionar as torrentes de informação, muitas vezes contraditórias, com que somos bombardeados diariamente, analisar diferentes perspectivas, e refazer as suas próprias opiniões mediante novos fatos e informações. Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas. • Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.

APRENDER A VIVER COM OS OUTROS

Este domínio da aprendizagem consiste num dos maiores desafios para os educadores, pois atua no campo das atitudes e valores. Cai neste campo o combate ao conflito, ao preconceito, às rivalidades milenares ou diárias. Se aposta na educação como veículo de paz, tolerância e compreensão; mas como fazê-lo?
O relatório para UNESCO não oferece receitas, mas avança uma proposta baseada em dois princípios: primeiro a “descoberta progressiva do outro” pois, sendo o desconhecido a grande fonte de preconceitos, o conhecimento real e profundo da diversidade humana combate diretamente este “desconhecido”. Depois e sempre, a participação em projetos comuns que surge como veículo preferencial na diluição de atritos e na descoberta de pontos comuns entre povos, pois, se analisarmos a História Humana, constataremos que o Homem tende a temer o desconhecido e a aceitar o semelhante.

APRENDER A SER

Este tipo de aprendizagem depende diretamente dos outros três. Considera-se que a Educação deve ter como finalidade o desenvolvimento total do indivíduo “espírito e corpo, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade”.
À semelhança do aprender a viver com os outros, fala-se aqui da educação de valores e atitudes, mas já não direcionados para a vida em sociedade em particular, mas concretamente para o desenvolvimento individual.
Pretende-se formar indivíduos autônomos, intelectualmente ativos e independentes, capazes de estabelecer relações interpessoais, de comunicarem e evoluírem permanentemente, de intervirem de forma consciente e proativa na sociedade.
Fazemos parte de uma instituição escolar diferenciada, não só porque é de tempo integral, mas porque trabalhamos nela, buscamos a excelência no nosso modo de trabalhar a educação, então se queremos isso, precisamos rever conceitos e atitudes, a começar pela forma de trabalho e avaliação, precisamos modernizar as formas de avaliar, fazer diferente do tradicional, atualizar os conceitos, desenvolver mecanismo junto a coletividade para motivá-los a empreender nessa busca, acompanhar, avaliar constantemente para um fazer construtivo, canalizador de ideias, transformador do que acreditamos ser o melhor, diferente do mais cômodo.
Um dos grandes mestres das concepções modernas de AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR, LUCKESI, alerta a todos para a seguinte observação:
“A maioria das escolas promove exames, que não são uma prática de avaliação. O ato de examinar é classificatório e seletivo. A avaliação, ao contrário, diagnóstica e inclusiva. Hoje aplicamos instrumentos de qualidade duvidosa: Corrigimos provas e contamos os pontos para concluir se o aluno será aprovado ou reprovado. O processo foi concebido para que alguns estudantes sejam incluídos e outros, excluídos. Do ponto de vista político-pedagógico, é uma tradição antidemocrática e autoritária, porque centrada na pessoa do professor e no sistema de ensino, não em quem aprende”. 
Os desafios deverão ser encarados por todos, alunos, professores, funcionários e núcleo gestor, para juntos buscarmos a interação das ações, do contrário continuaremos a pensar de uma maneira e a agir de outra. Isso não é positivo nem atende às nossas expectativas.
Um abraço.  
 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA:
DELORS, Jacques. Educação: Um Tesouro a Descobrir . Ed. Cortez, São Paulo: 1999.
LUCKESI, Cipriano Carlos. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR, Ed. Cortez, São Paulo: 1999.
Wikipédia: a enciclopédia livre;






Nenhum comentário:

Postar um comentário